Albion

O outrora próspero reino de Albion enfrenta 15 anos de guerra que deixa o Povo multilado e miserável. As cidades e aldeias se tornaram ruinas e muitas estão abandonadas. A terra se tornou infértil e onde deveriam haver cobertores brancos ou multicoloridos de cereais e frutos maduros prontos para serem colhidos há apenas terras queimadas cobertas de ervas daninhas e abandonadas. Assim como as cidades que antes viviam abarrotadas de pessoas onde as crianças corriam e brincavam o tempo todo e os homens elevavam suas vozes para se fazerem ouvir por sobre o burburinho comum das ruas, agora se encontram vazias e descuidadas tendo como moradores muitas mulheres viuvas e crianças órfãs, velhos em demasia e homens aleijados.

Detrás das ruas vazias e sujas se estende o Castelo de Harbra, sombrio e ameaçador. No salão que outrora vivia repleto de cortesãos e convidados sempre colorido e iluminado o rei está só em seu trono no salão escuro e silencioso.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

CRÔNICAS DA SUCESSÃO - VOLUME 3 - 5

CAPÍTULO 3 - OLHOS FAMINTOS - PARTE 1

O grupo tendo finalmente se reunido dentro da igreja entrincheirado com as dezenas de moradores da cidade decidiu descansar da extenuante viagem. Adele voltou a dormir aconchegando a jovem Auri, Ash vasculhou todo o Templo, andar por andar, da adega no subsolo ao santuário no segundo andar, os quartos, a enfermaria, a cozinha e etc. Galamond se ocupou em conceder o poder de Sunnadar para curar os mais gravemente feridos. Áfera se deitou em qualquer lugar e se pôs a roncar. Enfim todos se deitaram para dormir em algum canto que lhe pareceu confortável.

Poucas horas mais tarde todos foram acordados por pedidos de socorro de uma jovem de uns 14 anos que do lado de fora implorava para que a deixassem entrar. Sua mãe do lado de dentro se desmanchava em lágrimas contida pelo Sacerdote Victor, o responsável pelo templo, e alguns ajudantes. Com exceção de Áfera que permaneceu dormindo os Greyhawks se aproximaram para ver o que acontecia. Adele e Ash subiram em uma escada e viram a agarota em prantos implorando por ajuda. Em seu rosto onde deveria estar seu olho havia uma das criaturas monstruosas que grudada em sua cabeça e nuca abria para o mundo um olho em suas costas.

Conversando entre si e com o Victor os Greyhawks decidiram trazer a garota para dentro, seu nome, descobriram, era Sônia e sua mãe Rosete, e então tentar descobrir se havia como remover a criatura sem matar a hospedeira e identificar se aquilo era um demônio ou outra coisa.

Adele então preparou uma magia em uma flecha de Ash para que ela emitisse uma luminosidade mágica. Caminhando para a adega para que ninguém a visse fazer sua bruxaria, enquanto descia as escadas sentiu a perna curada doer. Lá embaixo, depois de fazer seu feitiço, observou que a perna, embora sem ferimentos, apresentava veias enegrecidas e dor. Voltou para o templo e entregou a flecha para Ash que a atirou na rua próximo a Sônia para que, com a iluminação, enxergassem possíveis emboscadas. E enxergaram pessoas escondidas atrás das casas acompanhando o desenrolar dos acontecimentos. Decidiram então por enviar Ash que furtivamente iria agarrar a garota e então Adele o tiraria de lá magicamente. Victor afastou todos das portas e janelas. Enquanto a Greyhowk conversava com Sônia chamando a sua atenção para um vitral à direita da porta de entrada, o outro saia pela janela oposta e se aproximava da garota sem se fazer perceber. Então de repente ele correu de sua cobertura e agarrou a garota por trás, imobilizando-a e no momento seguinte sua companheira feiticeira o fez voar com a garota. Só não foi rápido o suficiente para evitar o agressor mais próximo que cravou um machado de lenhador nas costas do Greyhawk voador. Logo uma multidão de possuídos estava seguindo os dois, mas eles foram "entrados" pela abertura do enorme vitral em forma de sol que foi fechado logo depois.

Em seguida amarraram Sônia que se debatia e a levaram para o santuário no segundo andar. Todas as pessoas que se abrigavam no segundo andar saíram por medo da coisa na garota. Discutiram como agir e decidiram que Galamond, como um sacerdote dotado de poderes curativos e habilidades de curandeiro, extrairia o bicho da melhor forma possível e curaria a agarota. Isso no dia seguinte, depois de dormir e rezar por mais milagres já que os seus já haviam se esgotados no dia. Deixaram Áfera dormindo, escolheram dois voluntários para poder vigiar Sônia durante a noite, César e Orx que dividiriam turno com eles mesmos. Primeiro Adele consegue ajuda com Victor que prepara um unguento para perna doente aliviando assim a dor e então faz a primeira vigia, depois passa para Ash que passa para os dois voluntários. Áfera acorda e não vendo os companheiros pergunta por eles e descobre que estão no segundo piso. Ele sobe as escadas atravessa um corredor passando por três portas e chega ao santuário, uma sala ampla com um altar, decoração de Sunnadar, candelabros com velas, uma biblioteca, armários com materiais variados uma grande clarabóia no teto por onde a luz do sol deve entrar e Adele dormindo com Auri em um canto, um jovem robusto sentado vigiando uma garota amarrada com um olho demoníaco e que conversava aos sussurros com outro rapaz.

Adele se encontrava com Auri em um sonho sinistro onde as duas percorriam um amplo e extenso corredor sem portas com janelas altas por onde através da escuridão incontáveis olhos as observavam e sussurravam. Ela tentou da melhor forma possível entreter a garota contra o medo, mas foi arrancada com dificuldade do sonho. Áfera acorda a bruxa às sacudidelas e lhe pergunta sobre o que está acontecendo. Aliviada ela explica sobre os acontecimentos da noite anterior e ele mostra que a garota que antes estava amordaçada conversava com um dos voluntários para vigiá-la. Ela então vai até eles e intervem argumentando com ele sobre o risco de conversar com a garota que chora e acusa a greyhawk de querer lhe fazer mal e o jovem, que se diz ser seu noivo, se convence e se afasta. Nisso Adele a alimenta e amordaça novamente. Voltando até Auri vê que a menina vive um sono agitado e sua bastante a a acorda. Ao acordar, assustada, conta que as coisas entraram no corredor assim que ela havia partido e ela teve que fugir deles. Ash acorda em seu quarto e encontra Galamond já desperto, ajoelhado e em concentrada oração. Sai de lá e encontra os companheiros mais a garota amordaçada e o segundo voluntário desce para o primeiro piso.

Ainda está escuro quando Galamond se apresenta, preparado e antes de começar Adele vai até Victor para explicar o procedimento e para avisá-lo de que sons nada agradáveis provavelmente viriam do andar de sima e que ele deveria manter o povo calmo. Áfera ficou sentado nos primeiros degraus da escada no encargo de impedir qualquer um de subir. Auri desceu para ficar com as demais pessoas no primeiro andar e não assistir a tenebrosa operação. Então reunidos prenderam a garota bem presa sobre o altar, Ash ficou encarregado de segurar a cabeça dela firmemente. Em uma última tentativa Galamond tentou "curar" a criatura na esperança de que o ser do mal reagiria contra a energia divina, mas nada aconteceu.

Com os instrumentos em punho Galamond começou o processo de cortar centímetro a centímetro a criatura do rosto da garota. Foi um processo bastante demorado, a garota sofria e tentava se contorcer. Em determinado momento ele desprendeu uma asa e puxou o bicho do rosto da garota o suficiente para continuar cortando. Lá a boca do bicho, um círculo repleto de dentes afiados que se prendeu ao rosto dela deixando suas marcas e de dentro dessa boca saiam incontáveis filamentos que estavam presos ao olho dela que não era visível debaixo da massa inchada e ensanguentada. Em determinado momento ele cortou algo que realmente feriu a criatura e ela soltou guinchos de dor que fez com que todos se sentissem terrivelmente mal. Principalmente Ash, que usou de muito autocontrole para não largar o que fazia e se encolher no chão. E esse guincho, que não era sonoro mas todos escutavam, passou a vir de todos os lados ao redor do templo. Em um momento de susto Adele olhou para o alto e viu pela claraboia dezenas de olhos os observando nervosamente, o que a deixou ainda mais assustada. Mas ela não disse nada para não atrapalhar os companheiros. Assim como a criatura, Sônia também sofria e mordia a flecha que Galamond pôs em sua boca para a dor, até sangrar. Auri entrou ali assutada e ficou petrificada ao ver os olhos e sussurrou para sua guardião que eles estavam em todos os  lugares. Depois de ser acalmada ela voltou para junto dos outros no primeiro andar.Todos abrigados no templo sofreram a influencia do sofrimento dos demônios. A cirurgia prosseguiu lentamente e terminou depois de quase uma hora de quando começou. Os nervos de todos estavam em frangalhos, Galamond suado e exausto, mas havia acabado. O sol penetrou no templo e eles perceberam que a manhã já ia no final e que a escuridão era causada pela presença das criaturas que tampavam todas as aberturas.

De repente Auri chegou correndo novamente e gritando disse que haviam aberto a porta e que aquelas criaturas estavam entrando. Correram todos para o primeiro piso e a porta já se encontrava fechada, mas muitas das criaturas voavam lá dentro e atacavam as pessoas tentando se unir a elas. Os Greyhawks e mais alguns combateram os monstros como puderam, atacando flechas, brandindo forcados, disparando virotes, fazendo o ar se incendiar (Adele) até que todos que voavam foram derrubados. Então começaram a remover aqueles que haviam grudado em pessoas. Áfera o fez com bastante facilidade e a delicadeza de um touro, agarrando-os com a mão puxando-os e esmagando-os. Os demais tiveram um pouco mais de dificuldade, mas como a união não durou muito tempo, ninguém sofreu nenhum dano permanente.  Vasculharam cada cômodo do lugar em busca de criaturas escondidas e nada encontraram. Adele reuniu a maioria das criaturas e as incendiou em um balde jogando-as pelo vitral. Galamond ficou com alguns para estudar e fazer anotações. Foi para a enfermaria onde estava tranquilo e começou a tomar notas e dissecar a criatura. Pouco depois Adele chegou para conversar em particular com ele e fechou a porta atrás d si. Pediu sua ajuda e abaixou a calça, assustando o clérigo. Sua perna não doía, mas as veias enegrecidas se alastravam por sua coxa direita como uma rais de uma árvore. Ele tendo entendido isso, fez algumas anotações sobre isso, para o desconforto da companheira, e finalmente invocou uma nova prece para que restaurasse a perfeita saúde do corpo da amiga e acabasse com a influencia do mal. Então a perna dela finalmente se viu em perfeito estado. Ela deu um abraço emocionado de gratidão a ele e o avisou que o olho da garota estaria assim também. Vestiu sua calça novamente e foram para o santuário onde com a ajuda dela abrindo o olho da inconsciente garota para que Galamond repetisse o milagre o que acabou por despertar a jovem Sônia, agora cega do olho esquerdo que se mantinha estático e de um branco leitoso, mas afora isso não se lembrava de nada. Depois disso descobriram que César havia aberto a porta e ao ser interrogado parecia não se lembrar de nada. Ao se convencer disso o deixaram em paz e permitiram ver Sônia. E então sua mãe.

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